Vivi os anos da pandemia com a solitude, a dor da saudade, a tragédia humana, xenofobia, incertezas. Milhões de outras pessoas compartilhavam comigo esta mesma realidade e misto de sentimentos.
Com o passar do tempo, eu me liguei a uma espécie de botão automático.Ele servia para que eu pudesse acordar, me levantar, trabalhar, estudar. Chorava, secava as lágrimas e no dia seguinte, recomeçava.
Enquanto a liberdade de bilhões de pessoas ao redor do mundo foi cerceada por um vírus, a liberdade de meu rebento foi ainda mais. A dor então aumentou. A sensação de impotência muitas vezes me paralisou. Todas as escolhas feitas antes, a minha de sair do Brasil e seguir para Portugal, a dele em se arriscar nos abismos como a juventude costuma fazer, teriam suas consequências aumentadas na pandemia.
Enquanto milhares de pessoas morriam, outras berravam comigo pelo fraco sinal da Internet e por não ver algum canal de tv. Eu pensava: onde estão os livros destas pessoas em uma hora tão boa para ler?
Alguns analistas diziam que sairíamos melhores da pademia como pessoas e sociedade. Segundo eles, teríamos mais empatia, cuidado com o meio ambinte, seríamos mais solidários. Entretanto, no tempo que se seguiu, não vi isso acontecer. Continuamos egoístas, continuamos consumistas de tudo que possa ser.
Os prazos do mestrado que eu frequentava continuaram. As parcelas a serem pagam por ele, aumentaram. Eu precisava encarar o cotidiano com normalidade e uma frase que estampava janelas pelas ruas, redes sociais e tv dizia que: “vamos todos ficar bem”, me soava estranha.
Acho que enlouqueci, um pouco mais. E silenciosamente, cumpri os cronogramas a mim impostos, até a vacina chegar. Penso hoje, que vivi esperando um futuro, mas talvez esse futuro nunca irá chegar.
Esta foto foi tirada na sala do apartamento onde morava com uma senhora de idade. Estava feliz por voltar a ver os meus familiares, apesar de ser online. Antes da pandemia, falava pouco com os meus familiares, mas com a pandemia aumentou a quantidade de vezes que falamos e enviei essa foto de lembrança a minha mãe a dizer que estava bem. Não fazíamos chamada de vídeo por ser cara a internet.
Definitivamente acho que a pandemia não foi boa. Não partilho das visões que de um período positivo pois pudemos nos aventurar a fazer outras coisas. As desigualdades cresceram e o mundo se tornou um local ainda mais injusto. Mas a arte estava ai como possibilidade de preencher o vazio (do tédio) e acalmar as ansiedades. Afinal como diria Ferreira Gullar (na voz de Maria Bethânia, por favor): "A Arte existe porque a vida não basta".
julho de 2020 poderia ter sido um mês para ser esquecido. mas eu quero lembrar. “permita que eu fale e não as minhas cicatrizes”: 4 testes positivos de COVID-19. 30 dias presas até negativar. surtos, choros, risadas, loucuras. parece que o tempo ganha outras dimensões, novos contornos e a gente não tem repertório social para fazer sentido de tudo. dois anos em estado pandêmico contam como? a sensação é de que as feridas que já estavam abertas, escancaram. o mundo doente faz perceber que o outro também é um pouco eu e eu sou um pouco do mundo. tem um aprendizado bonito quando entendo que há força criativa no caos, no interregno, na vontade de destruir e criar outras coisas. aprendi que a literatura resgata do fundo do poço, a música conecta e a que virar de ponta cabeça pode ser delicioso. não é só pelo drama e tristeza que se aprende. a ressaca pandêmica também grita internamente para abrir espaço para criar uma vida conscientemente com mais prazer.
Sou João Filipe
Sou cabo-verdiano, estou aqui há quase dois anos a viver e a estudar na Universidade de Évora, estudante do 3º ano do curso de Licenciatura em Economia.
Fazer um curso sempre foi algo que sonhei depois de concluir o ensino secundário.
Eu terminei o ensino secundário dentro da pandemia em Maio de 2020, altura em que as escolas foram encerradas em Cabo Verde por conta da Covid-19.
A ideia de vir estudar aqui em Portugal/Universidade de Évora foi do meu tio que tinha estudado aí e também tinha conhecimento de um projeto de estudantes cabo-verdianos em Évora.
Com isso ele conseguiu me convencer, ajudou-me a entrar em contacto com o projeto e fiz todo o processo de candidatura para ingressar no curso de Economia na Universidade de Évora.
Quando recebi a notificação de colocado, fiz logo a matrícula e todo o processo para garantir o alojamento universitário, fiquei muito feliz por isso.
O meu tio incentivou-me muito a vir, mas por outro lado estava a minha avó preocupada com a questão da Covid-19 e do aumento exponencial dos casos positivos em Portugal que passavam nos telejornais todos os dias. Mesmo assim ganhei força e coragem e viajei para Portugal.
Em Portugal, fui diretamente para Évora, onde fui recebido pelo responsável do projeto que me conduziu até à residência universitária onde iria ficar. Tinha chegado em finais de Dezembro, altura em que o 1º semestre estava na sua reta final.
Tive que ficar duas semanas em casa à espera para agendar um teste de Covid-19 para poder ir aos Serviços Académicos validar a matrícula presencialmente e puder iniciar a minha vida académica tendo acesso a todas as plataformas digitais da universidade.
As últimas aulas que sobraram para encerrar aquele semestre eram online, esta foi a primeira dificuldade que eu tive e tinha que me adaptar porque é algo novo para uma pessoa que saiu de um país completamente diferente daqui. Na residência temos todas as condições para o ensino à distância, mas é diferente com o ensino que estávamos acostumados porque já não havia aquele contacto direto com os colegas e os professores na faculdade e toda aquela dinâmica estudantil tradicional que conhecemos e
que é muito útil para a vida académica, mas tinha que ser dessa forma e temos que acompanhar esta tendência dos tempos por tudo quando se trata de proteger um bem comum que é a nossa saúde.
Foi muito difícil no início porque não conhecia os meus colegas nem os professores, tinha que estudar sozinho e não entendia nada. Praticamente foi um semestre perdido.
Foi uma época muito exigente e muito mais exigente para nós estudantes estrangeiros (africanos) longe das nossas origens, da nossa família e amigos.
Chegou o momento que até sentia-me cansado daquilo e pensava em voltar ao meu país, mas a família apoiava e encorajava-me muito a continuar mesmo que tudo estivesse complicado.
Ficava o tempo todo sozinho no quarto dedicando-se aos estudos essencialmente, e sempre que possível podendo conversar com os familiares, amigos e colegas a partir das plataformas que temos à nossa disposição de forma a não perder esses afetos que perfazem uma pessoa/um cidadão comum.
O “fique em casa, usar a máscara, os 2 metros de distância", era o código da vida social. Não podia ir a nenhum sítio além do supermercado e outros poucos espaços onde não havia concentração de pessoas, tudo isso dificulta a integração na cidade e na universidade.
Passado esses tempos difíceis, a universidade começou a abrir as portas e assim comecei a viver melhor a vida académica, aprendendo melhor e com sucesso.
Foi sem dúvida uma decisão arriscada vir estudar em Portugal num momento de muita incerteza, sem
saber quando tudo ia diminuir ou acabar para retomarmos a vida normal, mas não me arrependo da decisão porque foi boa, hoje estou e sinto-me muito bem onde estou. Agora sinto-me melhor integrado na residência, na cidade e na universidade e estou feliz em poder prosseguir os meus estudos realizando o meu grande sonho de um dia ser licenciado.
Aprendi muita coisa, gosto do curso que eu faço, adoro e admiro muito a universidade e a cidade de Évora.
Essa obra ou ilustração é sobre as pessoas que na pandemia não se protegiam.
Fiz esse patchwork durante a pandemia, meio que por brincadeira representando as pessoas tentando não ficar malucas 'presas' em casa.
Queria partilhar as fotos dos colegas, a diferença antes e durante a pandemia.
Bem, 2020 foi o ano que eu estava a fazer a minha dissertação, escrevendo sobre como o Designer de Produto via as mulheres. Quando a pandemia começou, deu início a quarentena, somente escrever não era o suficiente para mim, eu tinha que arrumar alguma maneira de me ocupar com coisas diferentes, de gastar energia mesmo dentro de casa e de lidar com a depressão que eu já vinha enfrentando.
Algumas pessoas cortaram o cabelo, outras fizeram pão, eu, como designer que sou, fui para o lado mais artístico. Me dediquei a desenhar e até arrisquei bordar. Os desenhos ou eram carregados de cores ou de sentimentos. A arte foi a minha forma de lidar com a mudança que estava acontecendo. Me concentrar nela fez com que eu pudesse focar em algo mais e ocupar meus dias.
Uma pesquisa desenhada para a Lisboa Pós-Troika com trabalho de campo realizado na Lisboa Pandêmica.
Brasileiro de São Paulo, em 2018 me mudei para Lisboa. E, em 2019, comecei um Mestrado em Antropologia. Meu intuito era investigar os impactos da turistificação recente
nas paisagens e experiências cotidianas locais. Tendo o célebre eléctrico 28 de Lisboa como objeto de estudo, pretendia fazer uma observação da convivialidade entre atores
sociais diversos que se encontram num lugar turístico urbano contemporâneo.
O mês de julho de 2020 marcou o início oficial de minha investigação. Então, Portugal já havia passado por um primeiro período de confinamento mais no início do ano.
Mas, tendo em vista as estatísticas momentaneamente controladas de pessoas contagiadas, e sob a sombra dos fantasmas de crises econômicas passadas que
sugestivamente apareciam na opinião pública, naquele verão Portugal afrouxou algumas restrições pandêmicas de circulação. De máscara, turistas voltaram a ser vistos em Lisboa. De máscara, pude realizar observações in loco e interagir presencialmente com interlocutores.
Em novembro de 2020, porém, me vi diante de um dilema ético. A pandemia em sua versão portuguesa voltava a se agravar nos números de vítimas, trazendo consigo novas
medidas restritivas de circulação. Não estávamos ainda em lockdown completo, como viria a ocorrer de facto nos primeiros meses de 2021, e não era exatamente ilegal sair à rua. Mas, se o distanciamento físico e a permanência em casa eram recomendados pelas autoridades como esforço individual para contribuir com o bem comum da saúde pública, então não seria algo irresponsável de minha parte manter os mesmos procedimentos? Caso eu permanecesse no espaço público a buscar aproximação e interação com outras pessoas em meio àquelas requisitadas mudanças nas sociabilidades, isto não transferiria a base científica de meu estudo para um ambiente transgressor? Isto não me colocaria na contramão justamente dos comportamentos recomendados pelas autoridades científicas? Minha observação estaria sendo participante no negacionismo que tantos ataques vêm investindo contra a ciência?
Em meio a estas reflexões sobre minha parte no todo, tomei a decisão pessoal de suspender as incursões a campo, e redirecionar observações e interações para as plataformas digitais de informação. Foi então remotamente, em "modo teletrabalho", que pude concluir minha investigação em tempos pandêmicos. Ora, mas não foi mesmo um tanto assim, através do ecrã, que a vida (familiar, profissional, escolar, religiosa... sócio-cultural, enfim) aconteceu neste contexto? Quem sabe os pesquisadores de um futuro não muito longínquo possam nos dar interpretações mais panorâmicas sobre este momento histórico a partir dos registros de "nativos da época" como estes aqui reunidos.
Imagem 1: Campo de basquetebol ao ar livre fechado; Imagem 2: Campo de basquetebol interior do Estádio Universitário, utilizado como zona de recobro.
A Casa d’Abóbora é um projeto que nasceu em 2020, em plena pandemia Covid 19, com a migração de 4 amigos para uma aldeia chamada Aldeia de aproximadamente 30 habitantes no Douro Verde no concelho de Cinfães, Viseu. O projeto inicia-se como Grupo Informal de Jovens pelo desejo de criar e promover a cultura local, tendo evoluído para Associação Juvenil em 2021 com a missão de promover o património cultural local e dinamizar projetos artísticos. A Casa d’Abóbora segue a desenvolver projetos independentes e institucionais para dar visibilidade e sustentabilidade às zonas rurais desertificadas. O vídeo faz parte do projeto de tese de mestrado de Camille Girouard em que apresenta um registo dos momentos iniciais dos jovens Joana Faria, Nali Sáenz, João Costa e Camille Girouard.
Em 2018 o número 17 sacramentou,
De certa forma, o Brasil nos exilou.
Achamos em Portugal uma chance, mas na verdade, nada de fato mudou.
Era 17 de março, uma terça-feira,
Começaria o primeiro capítulo dessa história sangrenta.
Longe de casa, a tensão misturava apreensão e tristeza.
O que seria dessa quarentena?
Máscaras no rosto, gel na mão,
Muita gente sofrendo, o vírus atingia o pulmão.
Mas no Brasil, o 17 continuava sua missão.
Um ex-capitão, que já havia sido preso por atentado à nação,
Hoje era o chefe do executivo, um presidente sem coração.
Mas estava de longe, sofrendo, sem emprego ou projeção.
Agora, de fato era fato que nos sentíamos mais prontos para enfrentar o caos ígneo que varria o mundo em devastação.
Quantos sorrisos perdidos, olhares supridos, almas subindo e o mais difícil?
Era não ver sentido, em continuar seguindo com tanta indefinição.
Foram dias sofridos, ainda me pego sentindo, cada familiar que não pudemos nos despedir,
Não só porque estava proibido,
Mas porque, de longe, via, estarrecido,
a negligência do bandido,
Que alguns chamavam de mito.
Hoje eu canto, aos gritos,
Fora Jair Messias, que se tem alguma coisa de Jesus é sua predisposição para ser anticristo.
Poema: O nó na garganta
Contexto: Pandemia de 2020
O nó na garganta
Olhos abertos, rotina serena.
Após o grito de Carnaval, pulos e euforia,
horas, dias e meses de silêncio,
o vento estava a cantar nas ruas vazias
A minha saliva ardia,
sentia o amargor presente no medo.
Medo de algo que todos desconheciam,
atrás dos lábios cobertos pelo tecido improvisado
a minha garganta doía.
Uma dor que creio
que também sentias
O gosto da dor das ausências.
Devo gritar? Quem irá escutar?
Esse nó impede o ar de circular,
tenho que calar-me,
os olhos estão a fechar...
Não quero ir...
Não posso desistir...
Preciso ficar aqui...
iiiiii...
Vivi certo
na incertezas dos dias
Mantive-me firme
apesar da tenebrosidade
Dos dias
Caminhei duro
como um camelo
atravessando deserto
Sem saber para onde ir
voava a imaginação
como um pássaro
Morreu tudo em mim
menos a esperança
cultivada na incerteza dos dias
em plena pandemia
Uma sirene ecoo fraca
Fecho
Silencio
Nas ruas, na alma
Uma sirene ecoo ainda fraca
“Fica em casa”
Comigo
Não posso, não sei…
Medo
Morte
Silencio
Uma sirene ecoo forte
Morte
Medo
Sorte
Uma sirene ecoo
Há quem diga
Saímos mais fortes
Sozinha
Há muito tempo a sirene ecoo
Continuamos a vida
Quem vive na sorte
Ainda tem medo
Ainda há fecho
Silencio
Respeito
Há morte.
I have spent a year adrift.
I have spent it with my mind
stuck amid the clouds that gather
over the dwindling forest,
over the burning trees, over
the evidence of greed and negligence.
I have lost my passion to the hurt
that I read everyday on the news.
My stomach grows, my thighs,
my hunger that expands to fill
the places disillusion left empty.
I used to have fight in me.
I used to have things to say
and an urge that spilled them
onto any ear that would listen.
But the year has brought
a sparsity of ears, of faces.
I lay alone in bed and solitude
crawls all over the house,
only leaves open windows for
the bad news to come in,
for the sad and the angry.
I have a weak hold on myself
and time only passes to remind me
of all I should have accomplished,
that I simply could not do.
Anxiety and sickness and shame
make for bad company.
But they are all I have.
"Gostaria de enviar uma foto do meu quarto que vivia quando estudei em Braga durante o período que tínhamos as aulas em casa. Esta foto reflete a minha vida quotidiana, que é viver, estudar, comer, dormir, [tudo] no mesmo quarto. Felizmente, havia uma bela vista fora da janela para limpar a escuridão trazida pela pandemia".
Estava fazendo um voluntariado para ajudar no controle de temperatura dos alunos, fui ajudar nessa ação, porque se não tivéssemos o controle, as aulas poderiam ser canceladas, foi um momento bem estranho e apocalíptico...
Diferentemente de muitas pessoas que migram a Portugal, o meu caso foi um pouco diferente porque tenho uma vida profissional e pessoal consolidada no Brasil e não tinha a intenção de me mudar definitivamente, queria apenas uma experiência de vida diferente. Assim, em setembro de 2019 vim sozinha ao Porto para cursar o mestrado em Sociologia. Pouco tempo depois que cheguei iniciei um relacionamento com um brasileiro e, por conveniência de ambos (quem é migrante entende bem isso) passamos a dividir um apartamento. Alguns meses depois veio a pandemia, as aulas foram suspensas, tudo fechou, ele também ficou sem trabalhar e de repente, além de toda aquela tensão, me vi em um relacionamento abusivo no meio de uma pandemia e de todo aquele mar de incertezas. Terminamos, decidimos voltar ao Brasil, cada um para sua cidade e peguei a primeira grande onda no Brasil. Alguns meses depois, retornei novamente sozinha ao Porto para o segundo ano do mestrado e peguei a nova onda no país, logo após as festas de final de ano de 2020, que já começara a se manifestar em outubro do mesmo ano. De forma bem resumida, digo que neste segundo momento de pandemia eu vivia um dos melhores relacionamentos afetivos que tive na vida, repleto de companheirismo, amizade, confiança e liberdade e talvez por isso tenha tido tanta segurança para ultrapassar aquele momento igualmente difícil. Não me esqueço de uma frase de uma das grandes amizades que fiz no mestrado, que disse que eu era a única pessoa que ela conhecia que levou 40 anos para sair da casa dos pais e em 6 meses se casou e separou duas vezes. Bom, não foi tão rápido assim, mas durante a pandemia de fato foram dois relacionamentos em que convivi na mesma casa e uniões com características completamente diferentes. A segunda terminou apenas por fases diferentes que ambos passamos em nossas vidas, mas seguimos com uma boa amizade. Ao final de 2021 terminei o mestrado no prazo previsto.
As imagens que escolhi foram fotografias tiradas por mim em alguns momentos de grande ansiedade, aflição, incerteza e dúvida. Mas, ao captar essas imagens, era como se algo se renovasse dentro de mim, trazendo algum equilíbrio, aquecendo o coração e, por serem todas ao ar livre, respirando tranquilidade e calma, como se o mundo e eu também necessitássemos daquela pausa para seguir melhores. Bom, o mundo temos visto como está, mas eu, certamente posso dizer que me tornei uma pessoa infinitamente melhor após essa experiência apocalíptica e renovadora. De fato, tive uma experiência de vida diferente, nada parecida com o que planejei, porém capaz de me fazer amadurecer e me tornar um ser humano melhor.
O ano foi 2020, educadora, país novo, cultura diferente, desafios e…a pandemia! Longo período como auxiliar de enfermagem, sem vacina, pouca proteção, pois tudo novo, informações novas. O cuidar dos utentes com Covid, proteção divina que protegeu para não contrariar o vírus. Entre choro, cansaço, plantões longos de 12 horas, veio a primeira vacina. Ufa, esperança, vamos superar esta fase? Sorrisos, amizades, laços são criados, vínculos fortificados…e temos a segunda vacina. Início de superação, princípio da esperança virar realidade e passam-se 1 ano e 6 meses. Venci, cresci e o mais importante, amizades fiz…!
"Sem abertura acadêmica, sem abertura para emprego, o aumento de propinas são fatores não convidativos para que eu tenha vontade e forças para permanecer aqui. Esperanças eu tinha, mas estão se esvaindo e já não tenho certeza que são suficientes"
"Nas ruas as palavras são de solidariedade, de cuidado com o outro, mas será que estamos, de fato, preparados para isso?"
"Vi os meus direitos, mas como estou no período de isenção de contribuição à segurança social não tenho como solicitar o apoio do governo para trabalhador independente. (que na verdade é um falso recibo verde, duplamente precarizada)"